Há alguns anos, tudo era bem dividido: Música de rádio fm na fm, de am na am, de igreja na igreja, funk na favela e samba no carnaval. Hoje essas fronteiras estão caindo ao chão.
Após a popularização do funk, os artistas do gênero melhoraram o nível de suas músicas para evitar que elas fossem censuradas nas rádios e pelo próprio poder público. Resultado, bailes e rádios tradicionais se renderam ao ritmo carioca. O samba, em vozes como “Seu Jorge”, invadiu até rádios que até pouco tempo incluíam em seus playlists apenas dance e pop-rock, como a Jovem Pan.
O sertanejo saiu da era “caprina”, onde ficou conhecido como “breganejo”, abandonou as guitarras distorcidas em tons altos, os solos de acordeon e hoje virou “popnejo”. O instrumental do sertanejo atual está praticamente igual à bandas de pop-rock, sendo que o que ainda marca o gênero é o vocal formado por duplas, agora sem as leis de um deles cantar no falsete e as letras serem extremamente melancólicas como era antes de Victor e Leo, Edson e Hudson...
Agora a mudança mais incrível: A música gospel. Antes, enquanto os evangélicos cantavam em coros maravilhosos letras cheias da palavra Jesus, católicos tinhas músicas cantadas por padres com letras cheias de histórias. A revolução começou com Padre Marcelo, que incluiu agito nas músicas católicas, depois a RCC agitou ainda mais, porém, as letras eram muito religiosas e causavam espanto nos menos crentes
Uma das cenas mais incríveis que já vi foi durante o carnaval 2009, onde pessoas bebendo cerveja e pulando cantaram a música “Pó pará com pó” da Jake que dizia “Você tem que tomar uma overdose de Jesus, injetar na veia o sangue que correu na cruz”. Padre Fábio de Melo é um fenômeno também, devido, nesse caso, não ao agito, mas à beleza de suas músicas
Agora passando aos evangélicos, que há muito já invadiram (alguns invadiram mesmo) rádios e televisão, agora conquistam ainda mais espaços com sutileza e naturalidade. O último fenômeno é Régis Danese que tem uma das músicas mais executadas no Brasil e ganhou ainda mais fôlego após a parceria com o grupo Pique Novo. A música se chama “Faz um milagre em mim”. Ela é tudo em uma coisa só de fato. Romântico, pagode, dance e, sem que se perceba de cara, é gospel.
Realmente a tendência que se inicia agora no final da década de 2000 e que, acredito, se consolidará na próxima década, é a de que tudo se convergirá para um único estilo. Sertanejo, rock, pagode, gospel, samba, hip-hop, dance e vários outros serão cada vez mais semelhantes uns com os outros. Isso realmente abafa algumas boas características dos estilos, porém na maioria das situações, abafará também pontos fracos, o que elevará a qualidade da música como um todo.