quinta-feira, 23 de abril de 2009

Tudo é uma coisa só

Há alguns anos, tudo era bem dividido: Música de rádio fm na fm, de am na am, de igreja na igreja, funk na favela e samba no carnaval. Hoje essas fronteiras estão caindo ao chão.



Após a popularização do funk, os artistas do gênero melhoraram o nível de suas músicas para evitar que elas fossem censuradas nas rádios e pelo próprio poder público. Resultado, bailes e rádios tradicionais se renderam ao ritmo carioca. O samba, em vozes como “Seu Jorge”, invadiu até rádios que até pouco tempo incluíam em seus playlists apenas dance e pop-rock, como a Jovem Pan.



O sertanejo saiu da era “caprina”, onde ficou conhecido como “breganejo”, abandonou as guitarras distorcidas em tons altos, os solos de acordeon e hoje virou “popnejo”. O instrumental do sertanejo atual está praticamente igual à bandas de pop-rock, sendo que o que ainda marca o gênero é o vocal formado por duplas, agora sem as leis de um deles cantar no falsete e as letras serem extremamente melancólicas como era antes de Victor e Leo, Edson e Hudson...



Agora a mudança mais incrível: A música gospel. Antes, enquanto os evangélicos cantavam em coros maravilhosos letras cheias da palavra Jesus, católicos tinhas músicas cantadas por padres com letras cheias de histórias. A revolução começou com Padre Marcelo, que incluiu agito nas músicas católicas, depois a RCC agitou ainda mais, porém, as letras eram muito religiosas e causavam espanto nos menos crentes em Deus. No momento em que passaram a evangelizar com mensagens subliminares, o estilo “bombou”. Rosas de Saron, Jake e outros tantos tocam em rádios sem que as pessoas sequer notem o conteúdo católico das canções.



Uma das cenas mais incríveis que já vi foi durante o carnaval 2009, onde pessoas bebendo cerveja e pulando cantaram a música “Pó pará com pó” da Jake que dizia “Você tem que tomar uma overdose de Jesus, injetar na veia o sangue que correu na cruz”. Padre Fábio de Melo é um fenômeno também, devido, nesse caso, não ao agito, mas à beleza de suas músicas



Agora passando aos evangélicos, que há muito já invadiram (alguns invadiram mesmo) rádios e televisão, agora conquistam ainda mais espaços com sutileza e naturalidade. O último fenômeno é Régis Danese que tem uma das músicas mais executadas no Brasil e ganhou ainda mais fôlego após a parceria com o grupo Pique Novo. A música se chama “Faz um milagre em mim”. Ela é tudo em uma coisa só de fato. Romântico, pagode, dance e, sem que se perceba de cara, é gospel.



Realmente a tendência que se inicia agora no final da década de 2000 e que, acredito, se consolidará na próxima década, é a de que tudo se convergirá para um único estilo. Sertanejo, rock, pagode, gospel, samba, hip-hop, dance e vários outros serão cada vez mais semelhantes uns com os outros. Isso realmente abafa algumas boas características dos estilos, porém na maioria das situações, abafará também pontos fracos, o que elevará a qualidade da música como um todo.

sábado, 18 de abril de 2009

Independente de quem?

O mercado fonográfico é, sem dúvidas, um jogo de interesses, por isso vários artistas se recusam a entrar nesse mundo e preferem estar na chamada "Cena Independente". Nesse universo, temos ótimos que, inclusive, ganham dinheiro com seus discos e shows. O chato são aqueles artistas fracos que não querem melhorar suas músicas e que jogam a culpa no "sistema do mercado" e ainda, os que tem talento mas querem fazer músicas de acordo com seus egos e que, por isso, não emplacam.



Deixo bem claro que no caso de artistas que fazem música mirando em seu umbigo, seu ego ao invés de pensarem no público, não tenho nenhuma repulsa. Pelo contrário, conheco vários que, apesar de não terem condições de emplacar, têm qualidade. O que eles não tem direito é reclamar que o mercado não lhes dá chances. Como um artista quer que o mercado mude suas atitudes sem, em contrapartida, mudar suas músicas adaptando-as ao gosto da massa?



Ser independente desse mercado não é o problema, o problema é se manter dependente do próprio ego e querer fazer sucesso.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Mid-backalize já!

Sabe o que um programador de rádio está dizendo, subliminarmente, ao ouvinte, quando se recusa a tocar uma música que fez sucesso há um, dois, cinco anos? Que aquela música que ele programou no passado é ruim, pois se fosse boa, estaria no ar até hoje. Isso já anuncia que aquelas programadas atualmente também são fracas, pois em breve sairão do playlist eternamente.



A rádio Mix Fm é uma das poucas rádios jovens que incluem em sua programação os Mid-back (músicas que possuem entre 1 e 10 anos de idade). Acredita-se que esse seja um dos motivos para ela ser a mais ouvida emissora do gênero. Os mids dela são muito bem selecionados, porém ela comete um erro ao trata-los como “Baú da Mix”. Baú gera a idéia de música muito antiga e não representa bem mid-back. Seria melhor parodiar o “Hit Parade, Jovem Pan” e criar o “Out Parede Mix, os sons que saíram das paradas” a usar o termo baú.



Acredite, o que falta em FM, hoje, se chama mid-back. Aquela filosofia de que a rádio deve ser vitrine de lançamentos acabou, pois a internet assumiu o papel de divulgador de novidades que o rádio exercia até quinze anos atrás. O papel do rádio atualmente tem que ser o de misturar as melhores músicas de variados gêneros e, principalmente, de variadas épocas.



Não se engane imaginando que a programação deve ser baseada no passado. Não. O que tem que existir é o equilíbrio. Deve-se tocar todos os bons sucessos atuais, porém no espaço que sobrar, as emissoras colocariam não mais “a nova música do grupo tal” e sim as músicas que estão consagradas perante o ouvinte e que agradariam sem dúvidas.



Grupos/artistas como Skank, Jota Quest, Creed, Avril Lavigne, Mika, Luka possuem músicas de extremo sucesso mas que, por saírem das paradas, não encontram mais espaço no dial. Pra encerrar o post, palavras do meu amigo Léo Rogério: “Música nova é uma incógnita, pode ser que faça sucesso, pode ser que não. Os mid-backs são a certeza, pois você sabe se ela vai agradar, ou não”.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

15 anos sem Nirvana

Há 15 anos, no dia 5 de abril de 1994, morria Kurt Donald Cobain. Vocalista e guitarrista de uma das bandas mais influentes do movimento grunge, o Nirvana, Kurt Cobain tinha apenas 27 anos. O corpo do líder do Nirvana só foi encontrado pela polícia no dia 8 de abril, em sua casa na cidade de Seattle, nos Estados Unidos, com um tiro na cabeça.

As circunstâncias da morte de Cobain até hoje são nebulosas. Embora a versão oficial tenha sido o suicídio, muitos fãs da banda acreditam que o músico tenha sido assassinado.

Antes de se matar, o líder do Nirvana teria deixado uma carta de despedida, outro fato que gera mais especulação sobre um possível assassinato. Alguns especialistas sugerem que a caligrafia que aparece no final da carta se despendido é diferente da apresentada no restante do bilhete.

O Nirvana
Apesar da morte prematura, Kurt Cobain e o Nirvana ainda são grandes influências para o rock mundial. A banda tornou o grunge um estilo conhecido e o álbum "Nevermind" foi uma verdadeira revolução musical na década de 90.

Hoje, os outros integrantes do Nirvana, Krist Novoselic e Dave Grohl, seguiram caminhos diferentes. Novoselic, ex-baixista da banda, tem uma coluna de política no site do jornal Seattle Weekly's. Já Dave Grohl, ex-baterista, é vocalista e guitarrista da banda Foo Fighters


Fonte:http://br.noticias.yahoo.com/s/05042009/48/entretenimento-morte-kurt-cobain-nirvana-completa.html

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Os 4 elementos

Expressão, refrão, qualidade de gravação e ritmo. Esses são os 4 elementos básicos que uma música que queira fazer sucesso precisa ter. Os grandes sucessos têm esses elementos e isso, inclusive, já foi citado no blog.



Antes de entrar em detalhes, é bom abrirmos exceções. Músicas que pagam jabás estratosféricos ou que tocam de 5 em 5 minutos em novelas de TV viram sucessos e são pedidos nas rádios, porém, elas não duram muito na mente do público. De tanto “enfiar goela abaixo” das pessoas, elas cansam rapidamente da música e nunca mais desejam ouvi-la. Tal efeito raramente ocorre com aquelas que tem os 4 elementos, pois esses tornam o som agradável e a deixam com “gosto de quero mais”.



Vamos usar, como exemplo, a música “Reggae Power” dos Natiruts:



O som está dentro dos padrões de áudio atual; tem qualidade. Alguns sucessos dos anos 70 e 80 perdem a vez justamente pela gravação causar um estranhamento aos ouvidos acostumados ao som digital. Tim Maia é um caso de artista que possui os outros elementos, porém não agrada a massa ouvinte justamente pelo áudio de suas gravações soar “velho” para os dias atuais.



O ritmo do nosso exemplo é interessante de ser analisado, pois não é muito rápido, mas é constante. Isso é que faz com que o ritmo seja adequado a um sucesso. Artista, nunca deixe uma parte de sua música com queda no ritmo, pois pode ser esse o motivo por seu som não emplacar.



Expressão: é o principal em um sucesso. É o que falta na Malu Magalhães para ela parar de cantar apenas na MTV. Voltando ao Natiruts, a introdução já é boa e o restante é melhor ainda. A forma como são cantados os trechos “não chora”, “e agora” são algumas das expressões principais. Já o refrão tem um impacto que o torna com cara de refrão.



Por falar em refrão... Pensemos. Com tantas coisas pessoais e profissionais na cabeça das pessoas, é impossível que ela guarde na memória uma letra inteira. É esse o papel do refrão, fazer as pessoas lembrarem q o nosso exemplo é aquela música que fala “Natiruts reggae power chegou, transformando toda noite em amor”, sem ter que saber a letra inteira.



Poderíamos analisar outras obras, porém essa se torna um ótimo exemplo pois foi a 13ª música mais tocada em 2007, além de ter sido a que ficou mais tempo nas paradas: 46 semanas, o que reforça que esses elementos tornam o sucesso durável. É importante lembrar que muitas músicas boas não fizeram sucesso pois faltam algum desses elementos e que além disso, pode não ter sido bem divulgada ou trabalhada. Com essas dicas e com uma boa sorte, sua arte será reconhecida.

sábado, 4 de abril de 2009

A música e o rádio atual

Quando se liga o rádio, na maioria das grandes e médias emissoras, se ouve apenas um estilo musical. Se a rádio é “Jovem”, toca em sua programação apenas aquelas 20 músicas que todas as outras desse segmento tocam. Detalhe: Elas são repetidas a exaustão. Mudando para rádios “populares” o critério é praticamente o mesmo. Para piorar a situação, sucessos antigos (de mais de um ano) raramente vão ao ar.

Alguns radiodifusores têm a ilusão de que a interatividade do rádio digital permitirá um aumento da audiência do fm, que encontra-se baixa. No entanto a solução está dentro dos HD´s de cada estúdio: são as músicas de outras vertentes e que já saíram das parada.

O que acontece é que o rádio divulga músicas, porém, no momento em que vira um “hit” realmente, o programador já está cansado dela e simplesmente a retira do ar, dando espaço pra mais uma música desconhecida que quando virar sucesso sairá do ar, dando espaço pra mais uma... As pessoas não gostam do desconhecido, mas o mais comum slogan do rádio é “Agente toca primeiro os lançamentos do mundo” A estação que abandonar essa disputa de quem “toca primeiro” e tocar as mais conhecidas e desejadas pelo público, ganhará a guerra do ibope.

Outro ponto importante é o controle do que entra no ar. Música pra “entrar na cabeça do público” precisa de alguns elementos como expressão, ritmo, qualidade e refrão (discutiremos isso melhor em próximas postagens). O público não se preocupa se a música é nova ou antiga, de um estilo ou de outro, e sim se ela é boa ou ruim. Por falar em estilo, deve-se observar que os jovens gostam de estilos como o axé e o sertanejo, contudo as rádios que tentam atingir essas pessoas não as agradam tocando apenas Pop-Rock, Dance, Hip Hop e R&B. Já as emissoras populares, fazem radicalmente o oposto tocando apenas sertanejo, pagode, axé e funk. Já que a grande maioria das pessoas gostam de vários gêneros ao mesmo tempo, as rádios deveriam ter programações mais amplas e com espaços para mais estilos.

Com essas poucas informações já é possível chegar a conclusão que os paradigmas musicais de rádio devem ser revistos, principalmente no que tange a amplitude de gêneros do playlist e a exploração de sucessos de outras épocas. As emissoras investem em promoções, mas se esquecem que a massa ouvinte deseja, ao ligar o rádio, simplesmente ouvir boa música.

Começando a viajem...

Seja bem vindo ao blog “barulho fm”. A nossa proposta é fazer um debate sério (e raro) sobre o mundo da música e do rádio.
Analisaremos esse universo do ponto de vista artístico, jornalístico, administrativo, teórico e técnico a fim de fornecer informações para que o público possa analisar com mais critério e cuidado esse universo e ajudar os responsáveis por ele a aprimorarem cada vez mais seus trabalhos.
Pretendemos criar um top musical e eu garanto, não aceitaremos jabá. Comentaremos shows, posturas e programações de emissoras de rádio e tv, além de lançamentos musicais.
As novas tendências você encontrará aqui. Se é do mundo da música, está no blog Barulho Fm.